quarta-feira, 12 de maio de 2004

Ronin - parte 2

...esse lutar por ninguém, por nenhum objetivo, nenhuma finalidade, por mais que seja gratificante sob a forma dos sorrisos recebidos e da satisfação do dever cumprido nada mais faz que me frustrar.
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Ordinário, é asim que eu definiria o meu dia. Aulas das 8h às 20h e logo na primeira (Psicologia da Personalidade) uma atividade sobre os estágios do desenvolvimento psicossexual, tudo bem até ai, se não fosse eu e a minha dupla (A Tamie, amiga e colega de curso) termos esquecido o texto sobre o tema. Mas tudo acabou bem, o questionário ficou para ser entregue na próxima aula e faremos ele amanhã.
Na aula de econômia, a explicação do professor se mostrou sonífera e pouco proveitosa. Entre as aulas e ler o manual, prefiro o manual, apesar de que ler geralmente exige um pouco mais de esforço que ouvir é mais fácil ler o manual que ficar acordado na aula.
Eis algo que saiu da rotina, mas que não me ajuda nem um pouco em relação ao marasmo: almocei só hoje. Até encontrei uns calouros na fila do RU, mas eles acabaram decidindo comer peixe, e a última coisa que eu queria hj era comer o peixe do RU.
A aula de Antropologia, mais uma vez, não aconteceu. O monitor apareceu por lá e entregou as questões da prova, depois fomos liberados.
Algo fora da rotina ocorreu também na aula de Antropologia. Uma das meninas que sempre sentam na frente da sala veio, do nada, falar comigo:
"_ Anime-se, o que você tem que está pensativo?!" - disse me ela.
Disse-me e seguiu em frente, mais rápido do que pude "despertar" do meu devaneio e responder alguma coisa. Quando ela passou de volta perguntei como ela sabia que na segunda não haveria aula.
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Conversamos uns dois minutos, apenas o suficiente para saber que ela se chama Thaís e que faz 2º semestre de Serviço Social. Estava por demais imerso em meus pensamentos para levar o papo adiante.
Conhecer pessoas sempre costuma me animar, mas hoje, nem mesmo tendo sido de maneira tão inesperada, nem isso ajudou-me a enfrentar o "banzo".
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A aula seguinte foi de Teoria Política Clássica (TPM), e nela fiz uma prova sobre Maquiavel, Hobbes, Locke, Montesquieu e Rousseau. Não foi exatamente a prova que eu queria fazer, mas a nota será satisfatória.
Em seguida, a última aula do dia, Introdução a História, gostaria de estar levando essa matéria ainda mais a sério, e de ter mais professores como a que leciona essa matéria, essa tem sido uma das melhores matérias do semestre, não só pelo conteudo e pelas atividades como pela própria metodologia da professora. Nessa aula acabei de assistir o filme "Montanhas da Lua", que fala sobre a dois geógrafos que buscavam encontrar a nascente do Nilo. Fiquei interessado pela história e procurarei pelos livros desses geógrafos para ter um melhor conhecimento dos fatos.
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Na saída comentei com um amigo (Emanuel) sobre meu tédio, sobre a sensação de desânimo e falta de objetivo.
A verdade é que esse lutar por ninguém, por nenhum objetivo, nenhuma finalidade, por mais que seja gratificante sob a forma dos sorrisos recebidos e da satisfação do dever cumprido nada mais faz que me frustrar. Me sinto perdido e exilado, privado de ser eu por inteiro. Mesmo nesse amar incondicional me vejo condicionado, limitado, podado, não posso demosntrar meu carinho e mina afeição pelas pessoas que considero minhas amigas, porque elas e todas as outras para temer algo. Logo eu que nunca fui muito de demonstrar meus sentimentos agora me sinto podado por não poder fazê-lo como antes.
A única forma de me expressar sem ser criticado, mal interpretado e questionado seria amar alguém em especial, mas como posso fazê-lo se tal alguém não existe, ou melhor, se depois de tanto tempo amando a tudo e a todos, servindo a diversos senhores e senhoras, já nem mesmo sei dizer quando estou enamorado, ou se apenas desejo o bem e tenho carinho por alguém?
MALDITA a hora em que resolvi moldar um eu forte que fosse capaz de enfrentar o vil mundo lá fora. As vezes é forte em mim o sentimento de desencanto com a humanidade. Todos parecem tão vis, tão egoistas, tão sem tempo, voltados para objetivos imediatistas e tão pouco preocupados com valores como amizade, amor (em todas as suas faces), lealdade, verdade, liberdade, compaixão, contemplação, humildade, ética, honra, e tantas outras coisas que independentemente, ou justamente por isso, de serem tidas muitas vezes como entaves ao "progresso do homem, do capitalismo liberal e mesmo da ciência" são verdadeiros ítens de um guia para a convivência pacífica e profícua entre as pessoas...

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