segunda-feira, 20 de março de 2006

Divagações sobre a minha pessoa e seus problemas

A Solidão, a Saudade e o Vazio tem sido as minhas companhias mais constantes. Não importa quão feliz seja o ambiente, ou quantas (e quais) pessoas eu tenha a minha volta, um, ou todos, deles sempre me acompanha. Me sinto só porque não "alcanço" as pessoas à minha volta, e nem elas me alcançam: existe uma barreira que nos separa e não sei dizer se ela envolve a mim, a elas, ou a ambos, separadamente. Tenho Saudades de meus pais e de todas as pessoas que são minhas amigas de verdade; mas também tenho saudade dos lugares que ainda não visitei, da namorada que ainda não conheci, do beijo que ainda não provei, do amor que não amei... E o Vazio, diz respeito exatamente a está saudade do "desconhecido". Não importa quem eu tenha do meu lado, ou o quanto a pessoa esteja próxima (fisicamente), parece sempre haver um espaço entre nós dois que parece impossível de preencher, e que ao mesmo tempo tem uma forma definida que não consigo ver, e por isso não encontro a peça do quebra-cabeças.

Tudo isso tem o efeito de uma pesada carga sobre as minhas costas: estou sempre cansado e desanimado, é raro sorrir com prazer verdadeiro e muitas vezes me deixo vencer, ainda que momentaneamente, pelo pessimismo disfarçado de experiência. Não que boas e gostosas gargalhadas não sejam freqüentes, mas toda alegria tem sido efêmera, e mesmo aquela sensação boa que sentimos depois de rir por muito tempo parece durar muito menos do que costumava.

Concluí, porém, que estava me enfiando numa busca desesperada por uma pessoa que desconheço, encontrando-a em cada ser, às minhas vistas, mais luminoso que eu encontrava, sempre imaginando como seriam as coisas com esta ou aquela pessoa ao meu lado, e começando a interpretar qualquer atenção dispensada como interesse. Pelo visto, o que ocorreu é que quando a última pessoa que se candidatou a ocupar o vazio que me acompanha saiu da minha vida, deixou aberta e desvigiada a porta que abriu para entrar, deixando livres o desejo de se envolver, e a necessidade de ter alguém ao meu lado.

Se a paciência despreocupada e não desejante não atirou em meu colo alguém que me ajudasse a encontrar as respostas às perguntas que me atormentam, e que me desse o carinho e o acolhimento de que tanto necessito; não será, também, me atirando numa caçada selvagem que encontrarei tal companhia. Resta-me ser paciente e atento, deixando, momentaneamente, os desejos de lado, tentando desativar as minhas defesas, procurando entrar na vida das pessoas e trazê-las para a minha, e, principalmente, desistindo de encontrar a qualquer custo e o mais rápido possível, alguém capaz de amenizar o vácuo que me acompanha e me suga as energias. Ao mesmo tempo eu preciso aprender a equilibrar-me entre o profissional e o pessoal, pois ninguém é obrigado a aturar um trabalhador-compulsivo. Venho perdendo várias oportunidades de relaxar e conversar, conhecer pessoas, curtir bons momentos com outras já conhecidas; tudo isso porque não consigo parar de trabalhar e procurar mais trabalho quando estou envolvido em algum evento.

Bem, esse foi um longo desabafo. Apartir de hoje estou de férias na UnB, mas por conta de outros compromissos assumidos nem vou poder sair de Brasília. Mais um recesso por aqui, que eu tenha energias para aproveitar este tempo da melhor maneira possível!