Não estou tão mal quanto possam parecer as linhas a baixo, na verdade elas são conseqüência de uma linda festa de despedida na qual todos se divertiram... até mesmo eu. Mas é que festa me deixam sempre comovido e deslocado e, quando isso acontece, eu me lembro da criança...
Era uma vez uma criança que era normal e feliz como as outras, ela bem tinha um pai distante e era bem magrela e tímida, mas por outro, o pai nunca deixou de ser-lhe "O" modelo de conduta, exemplo de retidão e lealdade, e a magrelice e a timidez foram contornadas.
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O tempo passou, o ambiente mudou, a criança fez o que pode pra se adaptar, amadureceu, "venceu" a timidez, engordou... enfim, mudou(-se), começou a conhecer às pessoas e se sentir feliz. Essa felicidade durava sempre até que ela se visse só, principalmente quando em festas e confraternizações chegava sempre uma hora em que essa criança voltava a ser a mesma criança franzina, timida e carente de antes, quando ela se isolava num ponto e começava a remoer a sua triste sina de esterna solitária... "Nem mesmo os amigos agora! - exclamava nesses momentos, expressando sua solidão ainda mais profunda, devida a uma mudança de ares. Por mais que pensasse e tentasse resolver-se consigo, a criança sempre acabava por se achar mais amante que amada, mai protetor que protegida, "mais bobo que rei".
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Anos se foram, mas a criança continua criança, sozinha e carente, necessitada de alguém que olhe por ela, mas ninguém a vê mais, porque por fora a criança cresceu, tem barba, palavras firmes, idéias malucas, segurança de espírito e demonstra uma certa auto-suficiência... nada mais que artifícios aprendidos para enfrentar esse mundo cão de maneira bem sucedida. E por isso, até hoje essa criança chora (para dentro, fazendo o coração arder com as lágrimas ferventes! e evitando que se quebre o disfarce) sem que ninguém perceba a real profundidade da ferida, talvez porque não se importem, talvez porque ela tenha aprendido a esconder muito bem seus problemas...
É ajudando os outris que me sinto bem, é a única forma de me fazer feliz. Esquecer os meus problemas e pensar nos problemas do próximo é o único conforto que encontro. Não sou tão triste quanto pareço aqui, mas não pareço sempre tão triste como sou...