quarta-feira, 5 de maio de 2004

O dia antes da chuva

Existe um momento antes da tempestade, aquele que precede exatamente o desabar das águas, no qual o tempo parece parado. Nesse exato momento toda a beleza do mundo se condensa e mesmo a pureza do ar se faz ver. Cada raio de luz se faz, em si, um sol. O perfume das flores alcança todo o universo e o trinar dos pássaros se faz uma sinfonia densa, leve, e harmônica melodia. Só então... CHOVE!!
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Tudo correu espantosamente bem hoje. Logo cedo (às 8:00h) tive prova de psicologia da personalidade, levando em conta o quanto estudei, duvido muito que tire uma nota muito boa, mas sem duvida atingirei algo dentro da média que almejo e acredito merecer. Depois (às 10:00h), pela primeira vez, consegui prestar atenção em uma aula de economia e, o que é mais surpreendente, as palavras do professor se fizeram compreensíveis. Mesmo assim saí mais cedo da aula, pretendia assistir um filme no anf 15 (o qual acreditava ser piratas do caribe e acabou sendo Peter Pan, o qual não foi exibido).
Na seqüência a próxima aula seria a de antropologia (às 14:00), no entanto me fiz ausente para ir até a Esplanada dos Ministérios e concluir os trâmites do meu estágio. No caminho convido, por meio de mensagem SMS, uma amiga para ir ao teatro nacional logo mais a noite para assistir um concerto. O convite é aceito. Sem atraso nem espera, consegui entregar os documentos e assinar os papéis necessários. Retornando para Asa Norte, decidi ir até a polícia civil e prestar queixa, oficializando assim o extravio da minha identidade. Mais uma vez fui atendido com presteza e cordialidade.
O desafio do dia seria então voltar pra casa. Sem dinheiro no bolso me dirigi ao EXTRA, onde se encontrava o caixa eletrônico mais próximo: SAQUE INDISPONÍVEL. Virei as costas me resignando a enfrentar os dois ou três quilômetros do caminho de volta pra casa. Ao chegar à porta do supermercado resolvi voltar e conferir meu saldo. Para meu espanto lá não estavam apenas os quatro reais restantes do meu magro limite de cem, mas todo o dinheiro do mês já se encontrava em minha conta. Assim sendo, se fez possível o saque num caixa da rede 24 horas.
De volta a UnB (às 18:00 h), decidi jantar antes de ir a aula de história, encontro um amigo no RU e este me diz também estar indo ao teatro nacional e me informa de que Aline, a minha amiga, não está assistindo a aula de história, mas sim a monitoria de economia. Findo o jantar vou ao deles no anf 16. Lá encontro, além do Djallys (o amigo que encontrei no RU) e da Aline, também a Flora, que decide unir-se a nós. Após aguardar uma conturbada sessão tira dúvidas (ou seria cria dúvidas?), nos dirigimos ao ponto de ônibus e de lá, ao teatro.
Chegamos um pouco atrasados. O espetáculo como um todo se fez muito tocante com especial destaque para alguns movimentos (os músicos de plantão me perdoem se uso indevidamente o termo) de violoncelo e piano, que foram tremendamente inspirados e tocantes. É bem verdade que muito pouco conheço sobre Schumann, Saint-Saens e mesmo sobre música clássica em geral, mas tenho sentimentos e posso, na minha “surdez técnica” - assim como o cego “sente”, com as mãos, as imagens – sentir a música com o coração.
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De volta em casa. A lembrança da matéria por estudar, das provas por vir, do tempo que se faz escasso, das contas a pagar. cheiro de chuva no ar...

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